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Quando chegar ao fim da linha, faça um nó e siga em frente

Lendo um artigo que mencionava esse ditado, pensei sobre a perseverança. Definir se algo é ou não uma “luta perdida” pode não ser tão simples assim.

Por vezes, sequer começamos projetos como perder aqueles quilinhos a mais, aprender uma nova língua, mudar de emprego ou iniciar um novo relacionamento por não nos achar capazes de aguentar a espera do tempo necessário para o sucesso daquilo que vivemos dizendo que queremos muito.
Afinal, “já vimos esse filme antes”, a gente até vai fazer o nosso melhor. Mas, vai chegar o momento em que só restará voltar para onde estávamos.

Um querido amigo me disse recentemente que não tem como voltar para onde estávamos, aquele lugar exatamente como era só existia enquanto estávamos lá.
Então, convenhamos: se é para estar no desconhecido que seja o desconhecido à frente, por que razão querer a marcha ré?

Ao final da linha, fazer um nó e seguir em frente é perseverar, é o único jeito de, dali há algum tempo, não perguntar-se “e se eu tivesse continuado por mais algum tempo…”.

Sim, existe o risco de confundir perseverança com insistência, com a teimosia que nos faz colocar energia em batalha realmente perdida. Não idealizar e manter as antenas ligadas ajuda a saber a hora de recolher o que sobrou do exército e voltar pra casa.

Hoje eu falo mesmo é de não desistir de nossos projetos, sonhos e relações às primeiras dificuldades. Falo de olhá-los algumas vezes antes de deixar os planos.

E, se depois disso, perceber que não deu, estará tudo bem: você fez o seu melhor, você foi para além do final da linha e dos nós.

Aí, poderá ser o caso de você olhar para o lado. Talvez haja uma outra linha e você só precisará dar um passo lateral e (re)começar de e para um outro lugar.

JuZM, 27/06/22

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Remédio para coice

Numa conversa de hoje com um tema que, volta e meia, vem às prosas com amigos, lembrei-me de uma colega, a Luiza, com quem trabalhei há décadas, e sua frase “fazer bem pra burro é coice!”. 
Essa nunca me saiu da cabeça; me foi útil quando pintava a decepção com pessoas às quais me dediquei ou pensei ter me dedicado. Porém, levou bastante tempo para que eu entendesse totalmente o que ela queria dizer.  Assim como num texto que li certa vez, a Luiza estava me ensinando que há almas que preferem o escuro, e teimar demais em puxar-lhes pela mão é correr o risco de perder a hora da partida e, com elas, ficar na penumbra.

Eu iniciava o entendimento de algo muito importante:  respeitar o tempo e a vontade do outro, não importando se me parecesse que ele fazia a compra parcelada de dor, embalada a vácuo. Essa descoberta não mudou o que penso sobre solidariedade e fico feliz em poder passar esse valor a meus filhos.

Penso que, se podemos fazer algo bom por alguém, façamos, ainda que seja escutá-lo apenas (se é que “apenas” cabe depois de escutar, tarefa tão complicada em nossos tempos). Um auxílio que parece simples para nós pode ser muito importante para outra pessoa. Sempre faço as mesmas perguntas a quem prefere usar o “coice de burro” como pretexto para não ser solidário e já tive muitas respostas, mas nenhuma ainda me convenceu a parar de perguntar.

A quem não crê numa força superior criadora do universo, e considerando a maravilha que é esse universo, não parece estranho que estejamos aqui apenas para cuidar de nós mesmos e aguardar o fim da existência? 

E, considerando a existência dessa força (chamemos de Deus ou como quisermos), não seria esquisito que Ele fizesse o homem apenas para cuidar de seu próprio umbigo ou, no máximo, ajudar o próximo com o que lhe sobra, sem prejuízo de sua humana agenda, finanças, de um esforço de qualquer natureza ou, ainda, para deixar sorridente a própria vaidade?  Deus, tendo feito projeto assim, seria bem ruim de estratégia, não sacaria muito da relação custo- benefício.

Não sou religiosa, nem uma grande estudiosa seja lá do que for, mas não é preciso ser para entender que eu sou aquilo que eu como, acredito e faço. E nem é preciso ir longe para contribuirmos com nossa atenção e respeito, para sermos úteis.

Aqueles que estão mais próximos de nós são o melhor e mais importante público para se praticar a solidariedade, um santo remédio para dor de coices antigos.

Então, que tal um bocadinho desse bálsamo agora mesmo?

Jucélia Zardini